Pequenas narrativas Kafkianas
Os Amaldiçoadas
a Franz Kafka
Daqui, onde estamos agora, jamais sairemos. Ficaremos todos aqui, para minguar e morrer à fome e à sede. Arranharemos paredes e rangeremos os dentes e esperaremos para que amanhã não estejamos mais vivos.
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O Opressor
O encontrei pela primeira vez em uma parada de ônibus. Estava de pé, ao meu lado, me olhando. Entrou no mesmo ônibus que eu, sentou-se ao meu lado e me encarava. Desceu onde eu desci, entrou em minha casa, sem dizer uma palavra, sem um gesto, um toque. Parou ao lado de minha mesa e não parou de me olhar. Até hoje. Quando saio de casa ele me acompanha. Não se perde de mim. Só para de me ver por milissegundos quando pisca. Está sempre aqui. Sempre ao meu lado. Mesmo agora. Mesmo agora. Agora. E sempre estará.
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A Visão
Levantei a cabeça e a vi. Falava algo que, a princípio, não entendia direito, mas depois notei que narrava minha vida. Logo atingiu aquele momento em que estava e adentrou meu futuro e foi adiante. Tentei prestar atenção, mas, logo entediado, adormeci.
Tito de Andréa
Tito de Andréa
1 Comentários:
Subi alguns lances de escadas e percebi que um gato me seguia desde a rua, quando desci do táxi. Joguei uns farelos do pao que comprei, mas ele nao parou. Me seguiu, me seguiu. Quando eu morri, ele miou alto e deitou ao meu lado e morreu de fome. De fome e de sede.
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