Poema-sangria
Guarda então no teu peito-de-estar-cheio.
Cheio de estar em si mais fundo que o fundo e depois ainda além e ao infinito
Átomo egoísta de si
Guarda!
Guarda entre as cochas, entre as ondas do mar e a pedra
Ás mortes.
Não aceito mais teus tesouros...
Teus tesouros de força enforcada,
Tuas ânsias engasgadas, mastigações...
Come tua palavra retorcida que não me alimentarei.
Hoje não dormirei no lar.
Hoje não vomitarei pão-de-má-vontade
Não abraçarei carne salgada de verde
Hoje sou negativo barco para o silencio dos rancores.
- Não me toca.
Não restará, de pé, nenhum tipo de choro,
Nenhuma pedra que não tenha sido amada,
Nenhum resguardo de grávida.
Logo após o parto rasga o que restar
Rasga e não busca forma de salvação.
Queimarei em minha pele teu ranço de toque-de-mão maculado.
Queimarei em minhas cartas e poemas tuas vidas sem valore teu morte-agora-para-sempre.
Queimarei na pira do meu peito os restos mortais do teu Deus na negação e da infância.
Queimarei a tudo e ao resto após.
Guarda as cinzas.
Guarda as cinzas e pede perdão a elas.
Às cinzas dê de mamar com esse teu leite talhado dos pedidos a salvo.
- Teus pedidos de perdão.
Guarda essas cinzas - antes que o vento ao Diabo as carregue -, pois entre elas está a corda que te ligava ao teu sono tranquilo.
Que te guardava de teu naufrágio-aos-berros.
As letras do meu nome não mais terão sentido.
As cores e o ácido da pele não mais terão sentido.
As palavras, os sons, os gestos não mais terão sentido.
Não mais terá sentido o adeus penitente,
A mastigação que abafa o grito
Ranger de dentes e choro.
Não.
Não mais nos servirão pratos cheios de forma de matar a alma um do outro.
Não mais chacina velada.
Olhares de desprezado nojo mutuo.
A letra escarlate na testa alheia.
Não mais nome aos gritos e cães ladrando.
Chega de deserto que as caravanas passam.
Passam - muito além da minha porta hoje - e hoje sou pura negação subcutânea por mares nunca dante navegados.
Hoje é dia de alegria solitárias
Egoísmo de dentes abertos e mandíbula relaxada.
Hoje eu quero a pura ânsia vertiginosa de não ter pátria nem pai.
Tito de Andréa
Cheio de estar em si mais fundo que o fundo e depois ainda além e ao infinito
Átomo egoísta de si
Guarda!
Guarda entre as cochas, entre as ondas do mar e a pedra
Ás mortes.
Não aceito mais teus tesouros...
Teus tesouros de força enforcada,
Tuas ânsias engasgadas, mastigações...
Come tua palavra retorcida que não me alimentarei.
Hoje não dormirei no lar.
Hoje não vomitarei pão-de-má-vontade
Não abraçarei carne salgada de verde
Hoje sou negativo barco para o silencio dos rancores.
- Não me toca.
Não restará, de pé, nenhum tipo de choro,
Nenhuma pedra que não tenha sido amada,
Nenhum resguardo de grávida.
Logo após o parto rasga o que restar
Rasga e não busca forma de salvação.
Queimarei em minha pele teu ranço de toque-de-mão maculado.
Queimarei em minhas cartas e poemas tuas vidas sem valore teu morte-agora-para-sempre.
Queimarei na pira do meu peito os restos mortais do teu Deus na negação e da infância.
Queimarei a tudo e ao resto após.
Guarda as cinzas.
Guarda as cinzas e pede perdão a elas.
Às cinzas dê de mamar com esse teu leite talhado dos pedidos a salvo.
- Teus pedidos de perdão.
Guarda essas cinzas - antes que o vento ao Diabo as carregue -, pois entre elas está a corda que te ligava ao teu sono tranquilo.
Que te guardava de teu naufrágio-aos-berros.
As letras do meu nome não mais terão sentido.
As cores e o ácido da pele não mais terão sentido.
As palavras, os sons, os gestos não mais terão sentido.
Não mais terá sentido o adeus penitente,
A mastigação que abafa o grito
Ranger de dentes e choro.
Não.
Não mais nos servirão pratos cheios de forma de matar a alma um do outro.
Não mais chacina velada.
Olhares de desprezado nojo mutuo.
A letra escarlate na testa alheia.
Não mais nome aos gritos e cães ladrando.
Chega de deserto que as caravanas passam.
Passam - muito além da minha porta hoje - e hoje sou pura negação subcutânea por mares nunca dante navegados.
Hoje é dia de alegria solitárias
Egoísmo de dentes abertos e mandíbula relaxada.
Hoje eu quero a pura ânsia vertiginosa de não ter pátria nem pai.
Tito de Andréa
2 Comentários:
ácido, sangrento, dolorido, perfeito.
E eu tenho sentido
o nada que escarrou e cuspiu
ao meu rosto,
Tito de Andréa.
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