Falta
Tenho falta de algo que não me mate.
Sinto falta de algo que não me corroa e não me faça querer mais vida.
Algo que seja por si só e que me deixe em paz.
Tenho falta de algo que não sobre e apodreça debaixo de meus lençóis.
Algo que não sirva só para juntar mais poeira e cinza debaixo de camas e armários.
Mais carne e menos fumaça.
Mais sangue e menos impulso elétrico.
Mais grito e menos voz.
Mais físico.
Mais homem.
Menos e cada vez menos Deus.
Tenho falta daquilo que anseio pecaminosamente.
Daqueles dias que tinham cores e das cores que não tinham nomes.
Porque podemos passar e passamos
E não posso odiar o que não amei.
Tenho falta de algo que não seja mais uma forma de afirmar a vida por meio da morte.
Uma forma de viver sem que seja seu imediato oposto-agora-e-para-sempre.
Uma reza que não seja na-hora-de-nossa-morte-e-amém.
Um amém que não seja eterno.
E uma eternidade que não seja santa.
Tenho falta de sol e de chuva e de mar e de ser.
Porque faz falta essa coisa-impulso-de-vida que brincamos de afogar num balde todos os dias.
Porque sinto solidões dessa coisa viva que enterramos como quem brinca de enterrar tesouros.
Porque sinto infância resgatada todas as manhãs na hora do sacrifício inicial.
Até quando conseguiremos ser só matéria feita de morrer?
Até quando conseguiremos ser imortais todo dia?
Até quando conseguiremos ser essa falta que fazemos?
Porque sentimos agora e sentiremos depois essa falta lacunosa que se mantém presa aos nossos medos.
Essa falta de vida que não podemos calar:
- Não podemos.
Há horas em que tudo que sobra é ser fraco e esconder-se.
Tito de Andréa
Sinto falta de algo que não me corroa e não me faça querer mais vida.
Algo que seja por si só e que me deixe em paz.
Tenho falta de algo que não sobre e apodreça debaixo de meus lençóis.
Algo que não sirva só para juntar mais poeira e cinza debaixo de camas e armários.
Mais carne e menos fumaça.
Mais sangue e menos impulso elétrico.
Mais grito e menos voz.
Mais físico.
Mais homem.
Menos e cada vez menos Deus.
Tenho falta daquilo que anseio pecaminosamente.
Daqueles dias que tinham cores e das cores que não tinham nomes.
Porque podemos passar e passamos
E não posso odiar o que não amei.
Tenho falta de algo que não seja mais uma forma de afirmar a vida por meio da morte.
Uma forma de viver sem que seja seu imediato oposto-agora-e-para-sempre.
Uma reza que não seja na-hora-de-nossa-morte-e-amém.
Um amém que não seja eterno.
E uma eternidade que não seja santa.
Tenho falta de sol e de chuva e de mar e de ser.
Porque faz falta essa coisa-impulso-de-vida que brincamos de afogar num balde todos os dias.
Porque sinto solidões dessa coisa viva que enterramos como quem brinca de enterrar tesouros.
Porque sinto infância resgatada todas as manhãs na hora do sacrifício inicial.
Até quando conseguiremos ser só matéria feita de morrer?
Até quando conseguiremos ser imortais todo dia?
Até quando conseguiremos ser essa falta que fazemos?
Porque sentimos agora e sentiremos depois essa falta lacunosa que se mantém presa aos nossos medos.
Essa falta de vida que não podemos calar:
- Não podemos.
Há horas em que tudo que sobra é ser fraco e esconder-se.
Tito de Andréa
4 Comentários:
É, a bola fica mais pesada, meu caríssimo matador de dragões.
EU TE AMO
Este comentário foi removido pelo autor.
"Até quando conseguiremos ser só matéria feita de morrer?
Até quando conseguiremos ser imortais todo dia?
Até quando conseguiremos ser essa falta que fazemos?
Porque sentimos agora e sentiremos depois essa falta lacunosa que se mantém presa aos nossos medos.
Essa falta de vida que não podemos calar:
- Não podemos.
Há horas em que tudo que sobra é ser fraco e esconder-se."
Até quando?!
Eu me escondo e me calo.
Não sei palavras suficientes para explicar o que seus dizeres me causaram. São de ferir como ácido.
Te achei por aí e li tudo que pude até então. Parabéns. (?) =)
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