Renovável
O corpo, às vezes, é menor que o desconfortável sentimento. É menor que os giros que damos por dentro. A alma em um liquidificador.
A larva encasulada move-se em espasmos e o corpo não responde.
Apenas transpira o frio e tenciona os músculos.
Noite insone.
Há alguém olhando do escuro para o dentro.
- É que me dói, sabe?
Há algo de novo em dias quentes. Algo que não pronunciaremos em voz alta, mas calamos em nossos olhares.
Há algo de novo em dias quentes e não ousaremos quebrá-lo com uma traição audível.
Guardamos nossas facas para silenciar-nos.
Guardamos nossas armas para ferir uns aos outros.
Serpentes entrelaçadas num coitomorte.
Uma dança da desvida.
Um rito de sangue e um pacto de vida.
O corpo, às vezes, é menor que a desconfortável luz que brota no centro do peito. Um sol friorento e azulado que empalidece a pele e aperta o estômago.
- Vê? Primeiro uma perna treme sem que seja sentida; depois todo o corpo acompanha.
Primeiro a perna, depois as duas e então o tronco e os braços e a língua encarcerada numa boca rígida de mandíbulas cerradas.
Por último a mastigação e a digestão.
Há algo de novo em dias quentes.
Algo que não permitiremos que fuja nem que morra.
Algo que repartiremos como irmãos e partiremos em pedaços pequenos que caibam na boca.
Algo que levaremos ao café para que se torne aprazível ao paladar e possamos comer sem remorso.
Há algo de gasto e eternamente novo em dias quentes.
Há algo de alcova na pele.
Um cheiro quente e modorrento.
E não ousaremos traí-lo...
Novamente.
Tito de Andréa
A larva encasulada move-se em espasmos e o corpo não responde.
Apenas transpira o frio e tenciona os músculos.
Noite insone.
Há alguém olhando do escuro para o dentro.
- É que me dói, sabe?
Há algo de novo em dias quentes. Algo que não pronunciaremos em voz alta, mas calamos em nossos olhares.
Há algo de novo em dias quentes e não ousaremos quebrá-lo com uma traição audível.
Guardamos nossas facas para silenciar-nos.
Guardamos nossas armas para ferir uns aos outros.
Serpentes entrelaçadas num coitomorte.
Uma dança da desvida.
Um rito de sangue e um pacto de vida.
O corpo, às vezes, é menor que a desconfortável luz que brota no centro do peito. Um sol friorento e azulado que empalidece a pele e aperta o estômago.
- Vê? Primeiro uma perna treme sem que seja sentida; depois todo o corpo acompanha.
Primeiro a perna, depois as duas e então o tronco e os braços e a língua encarcerada numa boca rígida de mandíbulas cerradas.
Por último a mastigação e a digestão.
Há algo de novo em dias quentes.
Algo que não permitiremos que fuja nem que morra.
Algo que repartiremos como irmãos e partiremos em pedaços pequenos que caibam na boca.
Algo que levaremos ao café para que se torne aprazível ao paladar e possamos comer sem remorso.
Há algo de gasto e eternamente novo em dias quentes.
Há algo de alcova na pele.
Um cheiro quente e modorrento.
E não ousaremos traí-lo...
Novamente.
Tito de Andréa
2 Comentários:
"É menor que os giros que damos por dentro"
usar 'olhares furtivos' é muito clichê. pelo menos pareceu.
beijos na alma.
Você tem razão, Ramilla, cortei.
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