terça-feira, novembro 18, 2008

Bola-e-corrente

Foi isso que eu trouxe.
Essa alma efervescente, essa luz inversa, essa dor de parto.

E é isso que eu venho carregando, dia-após-noite-sem-dormir, entre os braços e a pele.
Essa intoxicação, essa mancha, esse som fino sem voz; rouquidão e espasmos.

A traição de meus pais para com a carne-santa que há na terra;
É isso que eu tenho aqui.
Amarrado bola-e-corrente,

Sangue e pele.
A carne; vomitei pelos olhos regurgitantes-de-luz.

É a hora do sol-reverso-chuvoso que cega a claridade.
Olhos de sombra-carnívora.

E é isso que eu trouxe tatuado na morte.

É isso que eu tenho liquefeito no meu peito.
É isso que eu alimento com pedaços amados e amargos.

Ineficiência e acidez no meu estomago.

Minha chuva poluída, minha descrença insuficiente.
Meu indiferente desejo que não arde-nem-queima nada agora.

É isso que eu levo.
E desisto de depositar aos teus pés.

Não me valeram de nada quando eu estava humilhado.

Tito de Andréa

2 Comentários:

Blogger D.lv disse...

Wow.
Parece até que eu disse isso o_o'
Belíssimo, tito ç_ç/

9:04 AM  
Anonymous Anônimo disse...

"Sittin' down by my window,
Lookin' out at the rain.
Somethin' came along, grabbed a hold of me,
And it felt just like a ball and chain.
Honey, that's exactly what it felt like,
Honey, just dragging me down."
- Ball and Chain

"E é isso que eu venho carregando, dia-após-noite-sem-dormir, entre os braços e a pele." - Bola-e-Corrente


Ouvindo muito Janis Joplin?

5:41 PM  

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