Sympathy For The Devil
Fala o Diabo:
- Eu sento aqui de cima e observo e, sinceramente, choro de rir. Água benta para ti.
“Deus está morto ou nunca houve, pouco me importa. Nasci de mãe puta e de pai ausente, não chorei nem tremi.
"Não, não sou bem. Mas não há aqui, aí, lá, ou no longe onde resta algo novo e não cansado pelas nossas mãos - nossas, porque eu e tu estamos sempre juntos -, lá; no longe; nem cá há sombra do que seja seu bem-amado.
"Não, mas somos irmãos: eu e tu.
"Deitamos lado-a-lado, eu cá de cima, nessa casa abandonada que herdei dos meus, onde sou solidão pura - e tu aí na cama, insone, onde és também solidão pura.
"E posso rir porque foges e gozas a tua vida inteira. Tua vida que é mar e é rio e é chuva. Tua vida que é fuga.
"Mas foges de quê? De mim? Mas não somos eu e tu irmãos? Abandonados e amados pelo mesmo e relapso Senhor?
"Eu reconheço tuas faces, teus nomes e nuances. Eu dou nome às tuas dores e pinto pesadelos coloridos para teus sonos. Eu faço tua noite escura quando precisas estar acordado com medo. Eu reconheço tuas preces.
"Tuas lutas são reais e eu te amo. À minha forma, amo cada um de vós.
"Olhai, irmãozinho, com que cuidados cuido de tuas tempestades e de tuas dores. Olhai como cultivo tua alma - mesmo em terra árida a cultivo -. Olhai como te faço um Deus de ti. Isso não é amor?
"Responde-me, covarde, se tudo pelo que clamas noite adentro não é mais medo para se justificar? Mais dor para te enfraquecer e não trocarias céu que seja por dez minutos de inferno velado. Puro e terrível deleite de teus Santos.
"E de que te valem os Santos? De que te valem quando está prostrado e repetindo teus terçomantras? De que te valem se tua mãe morre? E de que te valem se ela vive?
"Despertai, irmão.
"É grande a peleja e já estamos todos mortos, mais mortos que o pecado. E se é sangue que Ele pediu é suor de gozo que eu exijo.
"Eu os amo. Eu amo. E posso rir-me todo de amor.
"E tu? Está livre para isso?
"Livre o bastante para o amor sem mais cruzes e pregos que eu anuncio, prometo e exijo? Livre para si?
"E é pela tua resposta, irmão, que eu gargalho.
"Todo feito de amor e lágrimas, eu sento aqui e morro.
"Mas não chore tanto. - Morro de rir.
Tito de Andréa
- Eu sento aqui de cima e observo e, sinceramente, choro de rir. Água benta para ti.
“Deus está morto ou nunca houve, pouco me importa. Nasci de mãe puta e de pai ausente, não chorei nem tremi.
"Não, não sou bem. Mas não há aqui, aí, lá, ou no longe onde resta algo novo e não cansado pelas nossas mãos - nossas, porque eu e tu estamos sempre juntos -, lá; no longe; nem cá há sombra do que seja seu bem-amado.
"Não, mas somos irmãos: eu e tu.
"Deitamos lado-a-lado, eu cá de cima, nessa casa abandonada que herdei dos meus, onde sou solidão pura - e tu aí na cama, insone, onde és também solidão pura.
"E posso rir porque foges e gozas a tua vida inteira. Tua vida que é mar e é rio e é chuva. Tua vida que é fuga.
"Mas foges de quê? De mim? Mas não somos eu e tu irmãos? Abandonados e amados pelo mesmo e relapso Senhor?
"Eu reconheço tuas faces, teus nomes e nuances. Eu dou nome às tuas dores e pinto pesadelos coloridos para teus sonos. Eu faço tua noite escura quando precisas estar acordado com medo. Eu reconheço tuas preces.
"Tuas lutas são reais e eu te amo. À minha forma, amo cada um de vós.
"Olhai, irmãozinho, com que cuidados cuido de tuas tempestades e de tuas dores. Olhai como cultivo tua alma - mesmo em terra árida a cultivo -. Olhai como te faço um Deus de ti. Isso não é amor?
"Responde-me, covarde, se tudo pelo que clamas noite adentro não é mais medo para se justificar? Mais dor para te enfraquecer e não trocarias céu que seja por dez minutos de inferno velado. Puro e terrível deleite de teus Santos.
"E de que te valem os Santos? De que te valem quando está prostrado e repetindo teus terçomantras? De que te valem se tua mãe morre? E de que te valem se ela vive?
"Despertai, irmão.
"É grande a peleja e já estamos todos mortos, mais mortos que o pecado. E se é sangue que Ele pediu é suor de gozo que eu exijo.
"Eu os amo. Eu amo. E posso rir-me todo de amor.
"E tu? Está livre para isso?
"Livre o bastante para o amor sem mais cruzes e pregos que eu anuncio, prometo e exijo? Livre para si?
"E é pela tua resposta, irmão, que eu gargalho.
"Todo feito de amor e lágrimas, eu sento aqui e morro.
"Mas não chore tanto. - Morro de rir.
Tito de Andréa
1 Comentários:
Haha,
não teve graça.
Eu gostei.
Você devia trabalhar mais com proza.
Me intriga o que alguém que eu conheço dirá sobre isso, tito D:
Nada, provavelmente.
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