domingo, julho 30, 2006

inDestino

Quero a leveza de uma pedra
Quando atirada ao longe,
O conforto da semente, que não cabe em si,
Quero o oriente do ocidente, que se acaba em contrário.

Quero o conforto de mesa de bar,
Sentar e falar do sofrimento dos mortos,
Sentar e saborear o sofrimento dos vivos,
Saborear a ácida ulcera na boca,
Saborear o ranger dos dias.

Quero a leveza de uma ave
Quando pousa cansada,
A leveza de um olho
Furado com uma faca quente,
Quero o conforto da faca quente,
Abraçada pelo olho...

Quero o conforto de uma vida curta,
Que não encontra velhice,
Que não definha sobre rodas,
Que não cai.

Quero ser a pedra em vôo,
A fala enquanto é pensamento,
O ocidente do oriente não existe,
Perdi alguma coisa por aqui...

Quero ser a vida que se passa,
Quero ser a mesa do bar,
O dono do bar,
O morto comentado.

Tito de Andréa

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