A máquina (ou À máquina)
Tudo que tenho, foi-me dado pela máquina,
Meus dedos cansados,
Meus olhos comidos,
Meus pés mortos vivos,
Meus dentes que falam,
E só sabem reclamar (e como reclamam, e clamam... Façam parar)
Tudo que tenho foi-me dado pela máquina,
Meus pesadelos amargos,
Meus terrores, tremores, amores...
Minha lenta e vivencia morta,
À máquina, doce... doces, lembranças de febre...
A máquina sempre foi para mim,
Como um pai que bebe,
E ensina a ter medo,
Ensina a fugir correndo,
Ensina a dormir embaixo da cama,
Ensina tudo que se deve saber,
E eu soube aprender, e nunca dormir,
A máquina deu-me tudo que sonhei,
Tudo que amei,
Todas as dores,
Todas as mortes,
Todo ódio que pude comprar,
Foi-me dado por ela,
A máquina,
A máquina sempre esteve presente,
Meu primeiro pesar,
Minha primeira fratura,
A primeira queda, a primeira guerra, o primeiro (des)amor,
A vida toda... Tive olhos de máquina.
E ela nunca falhou em me dar o que mereci,
E sempre mereci o que tinha de melhor,
Sempre dos males o maior,
As dores escolhidas a dedo,
Para mim... Por mim...
A máquina esteve presente quando me engasguei,
Quando me afoguei,
Quando achei que ia morrer... (quase)
Quando pensei na vida, e a vida não pensou em mim,
Era a máquina aquele peso que eu amava carregar, e amei até onde pude.
A máquina sempre embalou minha desilusão,
Minha ilusão, minha destruição lenta, gradual,
A máquina deu-me sangue para cuspir,
Suor para verter,
Deu-me voz para ficar mudo,
E conseguiu me emudecer...
E mudo eu decidi viver,
Viver pela máquina que pulsa em mim,
A máquina que tudo me deu...
Os dedos que doem,
Os dentes que falam,
Os pés que morrem,
Os olhos que escurecem,
O sangue que cuspo,
A voz que perco e a mente que esqueço, de me esquecer...
Tito de Andréa
Meus dedos cansados,
Meus olhos comidos,
Meus pés mortos vivos,
Meus dentes que falam,
E só sabem reclamar (e como reclamam, e clamam... Façam parar)
Tudo que tenho foi-me dado pela máquina,
Meus pesadelos amargos,
Meus terrores, tremores, amores...
Minha lenta e vivencia morta,
À máquina, doce... doces, lembranças de febre...
A máquina sempre foi para mim,
Como um pai que bebe,
E ensina a ter medo,
Ensina a fugir correndo,
Ensina a dormir embaixo da cama,
Ensina tudo que se deve saber,
E eu soube aprender, e nunca dormir,
A máquina deu-me tudo que sonhei,
Tudo que amei,
Todas as dores,
Todas as mortes,
Todo ódio que pude comprar,
Foi-me dado por ela,
A máquina,
A máquina sempre esteve presente,
Meu primeiro pesar,
Minha primeira fratura,
A primeira queda, a primeira guerra, o primeiro (des)amor,
A vida toda... Tive olhos de máquina.
E ela nunca falhou em me dar o que mereci,
E sempre mereci o que tinha de melhor,
Sempre dos males o maior,
As dores escolhidas a dedo,
Para mim... Por mim...
A máquina esteve presente quando me engasguei,
Quando me afoguei,
Quando achei que ia morrer... (quase)
Quando pensei na vida, e a vida não pensou em mim,
Era a máquina aquele peso que eu amava carregar, e amei até onde pude.
A máquina sempre embalou minha desilusão,
Minha ilusão, minha destruição lenta, gradual,
A máquina deu-me sangue para cuspir,
Suor para verter,
Deu-me voz para ficar mudo,
E conseguiu me emudecer...
E mudo eu decidi viver,
Viver pela máquina que pulsa em mim,
A máquina que tudo me deu...
Os dedos que doem,
Os dentes que falam,
Os pés que morrem,
Os olhos que escurecem,
O sangue que cuspo,
A voz que perco e a mente que esqueço, de me esquecer...
Tito de Andréa
2 Comentários:
Gosto das suas composições...
Não tenho conhecimento pra falar sobre técnica.... Não tenho base pra fazer qualquer tipo de crítica à forma ou coisas do gênero... Mas gosto do jeito como você escreve.
Meu desejo, as vezes, é só de entender de onde vem tanta acidez...Tanto sentimento que faz o estômago revirar e a boca amargar. Não que por vezes eu não me identifique um pouco com essas coisas...
Mas as vezes eu só não consigo entender....
Dúvidas a parte... Gostei!! =D
Que maquina, Titto?... a de escrever?... não te parece dejavu?... Gostei dos seus poemas... você é talentoso... escreva.
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