Chão de Estrelas
Degrau sobre degrau ascendo ao palco iluminado por velas e em cada um arde meu corpo vívido e incandescente.
Abrem-se as cortinas de minha pele e mostro meu pulsante coração ao público que vejo tremer lentamente sob meus pés.
Abro minha pele, e meu sangue cria seu rio eterno envolvendo a todos no novo milagre. Minha criação. Meu gênese. Assistam maravilhados.
Assim nasceu Deus.
Não temos divindades o suficiente.
Degrau sobre degrau ascendo ao palco já preparado para receber a última encarnação do executor.
Minha cruz feita de carne abraça-me e me leva enquanto caio cinqüenta e nove vezes pela minha nova e final via crucis.
Eu renovo meus votos para com a humanidade.
Eu quebro minhas pernas e como meus espinhos.
Eu reforço meu amor.
Eu clamo mais alto e mais ardentemente.
Eu choro por minhas dores diante das suas.
Abro teu sorriso com meus dedos.
Eu sou o dono de tuas cordas, abram caminho para que eu passe.
Não temos peso o suficiente.
Não temos terra o suficiente.
Não temos ardor, clamor nem dores.
Não temos sangue o suficiente.
Quebre os ossos com os dentes e quebre as asas com as mãos.
Eu me travisto de sol e de herói.
Sou prometeu vestido de águia.
Sou o bico que bica meu fígado e sou a montanha acorrentada às costas do Titã.
Tudo eu fui e guardei em mim.
Tudo eu sou e rasteja dentro de mim.
Não temos infecções o suficiente.
Guardem para mim, Ícaro, em suas asas de fogo.
Guardem para mim o Cristo em suas feridas de ouro.
Guardem para mim o outro.
O próximo.
Não temos platéia o suficiente.
Ascendo degrau a degrau para um novo ruído, um som, um guincho de morcego.
Um grito finito.
Fim em si.
Não temos morte o suficiente.
Guardem para mim o assento da frente.
Serei o primeiro a aplaudir meu espetáculo.
Pois sou vários em mim.
E serei mais em mil.
E mil em milhões.
Guardem para mim o final mais terrível.
O mais trágico e memorável.
O mais abrangente e pleno.
Para mim apenas aquilo que ninguém deseja.
Abraço-o e dirijo-me ao destino.
Em teus medos, anseios e pesares estarei.
- E eu o vi viver.
Tito de Andréa.
Abrem-se as cortinas de minha pele e mostro meu pulsante coração ao público que vejo tremer lentamente sob meus pés.
Abro minha pele, e meu sangue cria seu rio eterno envolvendo a todos no novo milagre. Minha criação. Meu gênese. Assistam maravilhados.
Assim nasceu Deus.
Não temos divindades o suficiente.
Degrau sobre degrau ascendo ao palco já preparado para receber a última encarnação do executor.
Minha cruz feita de carne abraça-me e me leva enquanto caio cinqüenta e nove vezes pela minha nova e final via crucis.
Eu renovo meus votos para com a humanidade.
Eu quebro minhas pernas e como meus espinhos.
Eu reforço meu amor.
Eu clamo mais alto e mais ardentemente.
Eu choro por minhas dores diante das suas.
Abro teu sorriso com meus dedos.
Eu sou o dono de tuas cordas, abram caminho para que eu passe.
Não temos peso o suficiente.
Não temos terra o suficiente.
Não temos ardor, clamor nem dores.
Não temos sangue o suficiente.
Quebre os ossos com os dentes e quebre as asas com as mãos.
Eu me travisto de sol e de herói.
Sou prometeu vestido de águia.
Sou o bico que bica meu fígado e sou a montanha acorrentada às costas do Titã.
Tudo eu fui e guardei em mim.
Tudo eu sou e rasteja dentro de mim.
Não temos infecções o suficiente.
Guardem para mim, Ícaro, em suas asas de fogo.
Guardem para mim o Cristo em suas feridas de ouro.
Guardem para mim o outro.
O próximo.
Não temos platéia o suficiente.
Ascendo degrau a degrau para um novo ruído, um som, um guincho de morcego.
Um grito finito.
Fim em si.
Não temos morte o suficiente.
Guardem para mim o assento da frente.
Serei o primeiro a aplaudir meu espetáculo.
Pois sou vários em mim.
E serei mais em mil.
E mil em milhões.
Guardem para mim o final mais terrível.
O mais trágico e memorável.
O mais abrangente e pleno.
Para mim apenas aquilo que ninguém deseja.
Abraço-o e dirijo-me ao destino.
Em teus medos, anseios e pesares estarei.
- E eu o vi viver.
Tito de Andréa.
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