terça-feira, fevereiro 27, 2007

Sangue e pó

De pés e de dedos, construo uma torre. Eu, o renovador, trago boas novas.
- Dias de guerra que jamais calarão.
Novos filhos e novas mães.
Novos pais e novos réus.


Morto e vivo.
Vivo morrendo-me e fazendo-me de conta.
Um colar.

Vi e vejo por todos os lados pedras de sangue e sal.
Vi e vejo por todos os lados ossos secos e carne velha.
Não me canso de ser, apenas uma encarnação mortuária da vida. Os panos que vestem Deus. O mármore branco de sua tumba.
A lápide do Divino.
Leve mais que leve. Alvo como a neve.

Cansei-me de fazer de vida essa vida imortal.
Tragam-me minha cruz e meus pregos e meus soldados e minha placa.
Tragam-me minha caverna e minha rocha e meus seguidores trágicos.
Tragam-me minha imortalidade e minha redenção e meus fieis anônimos.

Acordo à tarde e digo-lhe que a noite foi longa.
Acordo-o à noite para lhe trazer seu dia.
Conto as baixas e trago novas.
Acordo-a e chamo-a para a cama.

De pé e sobre a pilha de corpos eu conto a todos.
Um a um deito-os ao chão e proclamo-me rei.
Calo as feridas em meus pés.
Acendo velas e ascendo.

- Maria mãe de todos, onde está me levando?
O que é essa luz que cega minha pele?
O que é essa vida que cala minha treva?
O que é?

Vê?
Vi,
vivi para ser
Vencido ao vencedor.

Vi e vejo por todos os lados o sangue seco em meus coágulos.
Vi e vejo por toda parte as partes de mim que espalho.
Não me canso de cansar-me, apenas uma dor no lado da vida.
A lápide de mim mesmo.
Um epitáfio cansado.
Um atraso finito.
Um aDeus.

Tito de Andréa.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Bom,
muito bom!

8:27 AM  
Blogger Rebeca Xavier disse...

gostei, mas achei estranho o meio.

11:25 AM  

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