Em Queda Livre
E um,
E dois, e foram três, quatro...
E eu não contei mais, não prossegui, não previ. Não pude.
Não mandei flores, não recebi recados, não tocaram sinos nem telefones; trombetas de anjo...
Não caminhei aos domingos nem criei peixes em copos, nem bebi da fonte da praça.
Não fui contraditório nem antagônico, não risquei papel branco nem amarelo, nem permiti que o que fosse branco amarelasse, nem o que fosse vermelho chegasse ao branco.
Apenas o sangue perde a cor; às vezes...
E contei um, dois, três, quatro...
E foram passos e não anos.
E foram passos e não pontes nem portas; janelas.
E foram passos.
Não enviei cartas, nem recados, nem bilhetes de amor.
Não corei, não corri, não andei de joelhos nem pedi à imagem que me fizesse um pássaro.
Nem tive sonhos nem pesadelos nem mármore nem granito.
Não choveu quando nasci, não era primavera no meu casamento, não foi outono nas minhas perdas, não sou poesia.
E um, dois e três.
Foi no quatro que caí, que não tinha mais chão, que não tinha mais Deus, que não tinha mais eu, que não tinha mais nada.
Não havia mais haver.
Não havia mais.
Não há.
E eu não sorri quando ganhei meu primeiro par de sapatos, nem chorei quando perdi meu primeiro cão, nem gritei quando quebrei o primeiro osso quando o chão partiu meu todo.
Quando eu penetrei no infinito da terra, que o infinito da terra não tem grito.
E eu não havia mais.
E só havia mais não haver.
E não há.
Tito de Andréa
E dois, e foram três, quatro...
E eu não contei mais, não prossegui, não previ. Não pude.
Não mandei flores, não recebi recados, não tocaram sinos nem telefones; trombetas de anjo...
Não caminhei aos domingos nem criei peixes em copos, nem bebi da fonte da praça.
Não fui contraditório nem antagônico, não risquei papel branco nem amarelo, nem permiti que o que fosse branco amarelasse, nem o que fosse vermelho chegasse ao branco.
Apenas o sangue perde a cor; às vezes...
E contei um, dois, três, quatro...
E foram passos e não anos.
E foram passos e não pontes nem portas; janelas.
E foram passos.
Não enviei cartas, nem recados, nem bilhetes de amor.
Não corei, não corri, não andei de joelhos nem pedi à imagem que me fizesse um pássaro.
Nem tive sonhos nem pesadelos nem mármore nem granito.
Não choveu quando nasci, não era primavera no meu casamento, não foi outono nas minhas perdas, não sou poesia.
E um, dois e três.
Foi no quatro que caí, que não tinha mais chão, que não tinha mais Deus, que não tinha mais eu, que não tinha mais nada.
Não havia mais haver.
Não havia mais.
Não há.
E eu não sorri quando ganhei meu primeiro par de sapatos, nem chorei quando perdi meu primeiro cão, nem gritei quando quebrei o primeiro osso quando o chão partiu meu todo.
Quando eu penetrei no infinito da terra, que o infinito da terra não tem grito.
E eu não havia mais.
E só havia mais não haver.
E não há.
Tito de Andréa
1 Comentários:
toda vez que te leio sinto necessidade de escrever.
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