Retrato
Mas se pudéssemos
Cortar os dedos todos
Para jamais poder tocar em pele e em óleo novamente...
Para jamais ter de tocar novamente.
Arrancar dente por dente,
Reverter o dorso,
Deturpar o cérebro
Endurecer a pele, amolecer os ossos, estancar o sangue
E ir ainda além
Enterrar as unhas
Rasurar certidões
Exumar pai-e-mãe.
Comer a língua/linguagem
Jamais olhar em olhos
Jamais chamar nomes,
Ter de vestir-se todo de amores suados.
Jamais ter de ser crianças,
Não precisar de colos e carícias
Não salivar nem chorar nem comer nem ter medo de morte ou de escuro.
Simplesmente esperar sorrir nos (próprios) funerais
E poder não retornar.
Meus nomes seriam todos em branco
Meus discursos lacunas
Meus quadros silêncio
E meu poema não seria.
Tito de Andréa
Cortar os dedos todos
Para jamais poder tocar em pele e em óleo novamente...
Para jamais ter de tocar novamente.
Arrancar dente por dente,
Reverter o dorso,
Deturpar o cérebro
Endurecer a pele, amolecer os ossos, estancar o sangue
E ir ainda além
Enterrar as unhas
Rasurar certidões
Exumar pai-e-mãe.
Comer a língua/linguagem
Jamais olhar em olhos
Jamais chamar nomes,
Ter de vestir-se todo de amores suados.
Jamais ter de ser crianças,
Não precisar de colos e carícias
Não salivar nem chorar nem comer nem ter medo de morte ou de escuro.
Simplesmente esperar sorrir nos (próprios) funerais
E poder não retornar.
Meus nomes seriam todos em branco
Meus discursos lacunas
Meus quadros silêncio
E meu poema não seria.
Tito de Andréa
3 Comentários:
"Jamais olhar em olhos"
é o que mais tenho feito(faço). Não sei se isso é bom ou ruim.
Obrigada, eu já havia 'linkado' o seu no meu blog para poder visitá-lo sempre. Um abraço.
Indiferentemente fora do comum.
Nem tinha me dado conta da falta que faz ler o que você escreve.
Lindo, Tito.
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