Canção de Amargo
É das falhas harmoniosas que eu vivo,
De tudo a que dedicamos atenção,
De todas as horas esburacadas por traças como um vestido de virgem guardado em uma velha arca.
De todas as memórias renegadas,
Uma árvore em ruínas,
Um Deus roto,
As cartas dos Leprosos aos seus.
É em entoar a definitiva canção -
A definitiva canção que louvará cortes e demolições
A definitiva canção entediada e repetitiva
A música dos esquecidos à voz do que não quer -
É em entoá-la que eu falho,
É na miséria de colher dos pomares de dentro que eu me encerro.
Eu. Guardião atento de um tesouro já gasto,
Vigia amoroso de um senhor que nunca está,
Templo vazio para tudo que desespera,
Porta destrancada para o lado de fora,
Cigana doente e pálida dos tremores e das inquietações.
Eu falho miseravelmente e repetidamente.
Eu, resto maligno de um tumor que já sarou,
Cicatriz testemunha acusativa,
Óleo espargido para unção dos malditos,
Eu, marca de pecado nas roupas íntimas.
Crime impensado e desistência na hora da precisão
Todo medo, tédio e rancor.
Eu, vítima carpideira de um nome enterrado fundo na pele,
Linha sempre tesa, ombros sempre rijos,
Corda preparada e esperando,
Forca sorridente para os livres.
Casa tombada e moradia de tudo que é margem,
Sorriso armado e pronto sempre,
Rachaduras que tomam o sono do construtor,
E é em criar uma quebra que desmorone tudo que eu me empenho.
É nela que eu lanço minhas mãos fracas e doloridas,
É nela que eu me debato e abandono os futuros.
De tudo a que dedicamos atenção,
De todas as horas esburacadas por traças como um vestido de virgem guardado em uma velha arca.
De todas as memórias renegadas,
Uma árvore em ruínas,
Um Deus roto,
As cartas dos Leprosos aos seus.
É em entoar a definitiva canção -
A definitiva canção que louvará cortes e demolições
A definitiva canção entediada e repetitiva
A música dos esquecidos à voz do que não quer -
É em entoá-la que eu falho,
É na miséria de colher dos pomares de dentro que eu me encerro.
Eu. Guardião atento de um tesouro já gasto,
Vigia amoroso de um senhor que nunca está,
Templo vazio para tudo que desespera,
Porta destrancada para o lado de fora,
Cigana doente e pálida dos tremores e das inquietações.
Eu falho miseravelmente e repetidamente.
Eu, resto maligno de um tumor que já sarou,
Cicatriz testemunha acusativa,
Óleo espargido para unção dos malditos,
Eu, marca de pecado nas roupas íntimas.
Crime impensado e desistência na hora da precisão
Todo medo, tédio e rancor.
Eu, vítima carpideira de um nome enterrado fundo na pele,
Linha sempre tesa, ombros sempre rijos,
Corda preparada e esperando,
Forca sorridente para os livres.
Casa tombada e moradia de tudo que é margem,
Sorriso armado e pronto sempre,
Rachaduras que tomam o sono do construtor,
E é em criar uma quebra que desmorone tudo que eu me empenho.
É nela que eu lanço minhas mãos fracas e doloridas,
É nela que eu me debato e abandono os futuros.
- Pois só vivo do que posso imaginar.
E na minha cabeça enterrei dezenas de porcos possuídos.
Tito de Andréa
E na minha cabeça enterrei dezenas de porcos possuídos.
Tito de Andréa