sábado, julho 26, 2008

Terminal

Ao acaso meu bem amado ser.
Das palavras ao vento resgato:
Um eco.

Bem dito e bem mentido, meu amigo.
Amo e senhor.
Andemos de olhos vigilantes e de camas desfeitas.
Em chamas.

Olhos? Não, apenas antenas.
Nem língua, apenas pele.
Sinta o gosto, homemsapo. O ar está por toda parte.
Fede.

Não, não há mais tempo para a compreensão que isso poderia te dar.
Nem nirvana nem Buda.
Apenas as perdas doloridas da meditação cansativa.
Meses sem comer tiraram as carnes dos seus ossos e depois os ossos da sua pele e agora você é só fraqueza e arrependimento.
Não há mais tempo para iluminação.
Chamaremos então seus meses debaixo da árvore sagrada de loucura e você poderá ir.

Máquinas e imagens.
Fria e barata prostituta de lábios vermelhos.
Sexo e mais sexo então.
Você chegou a sentir algo pelo menos?
Chegou a sentir nojo?
Chegou a chegar?

Antes de vomitar você teria algo a dizer?
Jogar uma moeda no palco onde ela dança nua, subir e falar sobre Deuses e monstruosos pecados fatigados? Falar de suor e de lágrimas. Ranger de dentes?
Antes de ir você teria algo a dizer?
Uma esmola para um inválido?
Um olhar para o sofrido?
Um momento para o divino?

Antes de ir.
Antes...

Você ama?

Tito de Andréa

segunda-feira, julho 14, 2008

Colapso

Deve haver dentro. Algo universal há.
Por favor, Senhor, se há, saia de mim. Porque preciso saber se além da dor da fria poesia corrosiva que prometi existe algo, pois, Senhor, duvido. E deixo a dúvida ser minha Deusa.

Pega-me, Senhor, pela mão e me guia para perto.
Já que falei do centro da vida, do centro da alma, do centro sujo da poesia onde eu arrisco minha vida, onde eu arrisco minha alma e arrisco meu Deus.

Há vida além de mim me contaram, mas eu ignorei quando o menino me falou.

Dentro do outro há o outro.
Mas no outro não há.

- PAUSA –
Na minha morte eu vivi
- PAUSA –

Um milhão de abelhas zumbirão, mas eu sempre direi.
De todas as minhas palavras – a minha favorita – aquela que meu corpo canta.

NÃO

D E S C O N H E C I M E N T O

centro

DESVIDA

D E U S

Não viva

em mim

Palavras do sonho:
Não chore silencioso.
Não morra quieto.
Não viva fumacento.
Não seja.

Deus de mim eu vi no espelho de tua face.
E morte fui.

Nos momentos divinos de mim:
Carnificinamente comológico.

Deus, livra-me dos pecados da carne.
Livra-me de riscar papéis com algo que não entenderei.
Deus, escuta-me.

Escuta-me.

Escuta.

Tito de Andréa