quarta-feira, março 24, 2010

O Resto se Chama Não

É preciso ser mais para afugentar fantasmas. É preciso ser mais para gritar a facilidade da morte como aqueles que nunca pensaram em morrer. Mas eu sei da distância entre a folha seca e o chão. Eu sei da música que a folha canta também quando é preciso estar desejoso de queda e distancia. De vazio.

Cantamos eu e a folha.
E não tocamos o chão.

Como os homens que entoam mantras entoam mantras eu entôo o mantra da pedra.
Como se ajoelham eu me ajoelho.
Mas não entrelaçaremos as mãos nem choraremos juntos, pois é longa a jornada da lágrima e grande a distância entre o dedo e a pele.

- Rasgarei a tudo que não me toca, diz a pedra.
Dizemos eu e a folha e a água.

E não sento à mesa dos homens que veneram um Deus chamado fora. Eu não furto da ovelha sua oferenda para si. E não roubo do pomar o fruto que ergueu, obelisco interior para adorar a todos os nomes que dançam dentro.

E não dançarei.
Mas sim, como a árvore,
Guardarei os nomes santos
E indecifrarei o código da areia que muralha se projeta
E antilerei a água que parede se afoga
E desconhecerei
Castelos montanha,
Tribunas floresta
E lua estrela.

E riscarei com os dedos tudo que se chama Outro.
Negarei com os olhos tudo que se chamar Além.
Afastarei com o corpo todo tudo que chama Irmão.
E, com tudo que restar, voltarei para dentro para renomear com sangue e repovoar sem medo e preencher com dádivas tudo que for dentro e espaço e força.

Então,
Como fazem os montes,
Manterei pulsante o coração-pedra-vivo e viverei para mim
Adorando o inverso de Deus Fora Sempre e dizendo,
Com a voz dos cânticos:








Tito de Andréa