O Retrato do Artista Enquanto Luminovive
Abre as narinas e sente o cheiro fraco e sonoro que brota vaga e pesadamente do chão e logo se espalha.
Estica as mãos para ver se ao tato ainda resta um último toque antes do adeus final que leva tudo para longe e te abandona num vazio cheio de ausência e destatificação.
Abre os olhos para contemplar sem lágrimas e sem lagos tua sedenta alma lamacenta que preenche os espaços vazios de teu corpo. O domínio da alma; beatificação.
Abre por fim teu peito como duas cortinas e deixa entrar a luz que a boca não quis. Porque luz não tem som nem gosto. Deixa a luz e a recebe de uma única e completa vez.
Não haverá mais espaço para riso, nem torres brancas, nem sacrifícios monumentais a Deus.
Não haverá rebanhos de cabras lanosas e balidentas cheias de leite e carrapatos. Não haverá planície gentil e graminiverde para receber teus cansaços, nem haverá repouso para teu descanso.
Não haverá rezas a ti nem ao teu Deus interior que mora em teu estomago e que reclama a terça parte de tudo que comes e pensas. És um ateu de ti. Não haverá redenção.
Mas calma teu luminoso peito. Não haverá vida para ti, mas há dor e torção de músculos.
Há um inferno luminossanto que também é parte da luz de teu céu.
Calma teu luminopeito que há morte depois da morte e desacontecimentos para te ocupar.
Que para ti não sobrou nada além da recompensa.
Que se não sobram terras sobram em cemitérios teu prêmios.
Cheios e mornos cemitérios para tuas mil mortes, para tuas dez mil dores e tuas duzentas mil farsas.
Há terra quentefofaberta para ti.
Madeira úmida e vegetal.
Repousa teu nome no mármore e teu corpo na morte.
Tito de Andréa
Estica as mãos para ver se ao tato ainda resta um último toque antes do adeus final que leva tudo para longe e te abandona num vazio cheio de ausência e destatificação.
Abre os olhos para contemplar sem lágrimas e sem lagos tua sedenta alma lamacenta que preenche os espaços vazios de teu corpo. O domínio da alma; beatificação.
Abre por fim teu peito como duas cortinas e deixa entrar a luz que a boca não quis. Porque luz não tem som nem gosto. Deixa a luz e a recebe de uma única e completa vez.
Não haverá mais espaço para riso, nem torres brancas, nem sacrifícios monumentais a Deus.
Não haverá rebanhos de cabras lanosas e balidentas cheias de leite e carrapatos. Não haverá planície gentil e graminiverde para receber teus cansaços, nem haverá repouso para teu descanso.
Não haverá rezas a ti nem ao teu Deus interior que mora em teu estomago e que reclama a terça parte de tudo que comes e pensas. És um ateu de ti. Não haverá redenção.
Mas calma teu luminoso peito. Não haverá vida para ti, mas há dor e torção de músculos.
Há um inferno luminossanto que também é parte da luz de teu céu.
Calma teu luminopeito que há morte depois da morte e desacontecimentos para te ocupar.
Que para ti não sobrou nada além da recompensa.
Que se não sobram terras sobram em cemitérios teu prêmios.
Cheios e mornos cemitérios para tuas mil mortes, para tuas dez mil dores e tuas duzentas mil farsas.
Há terra quentefofaberta para ti.
Madeira úmida e vegetal.
Repousa teu nome no mármore e teu corpo na morte.
Tito de Andréa